12 de setembro de 2011

Intolerância à Lactose

Antes de iniciar o assunto desse mês é importante diferenciarmos a INTOLERÂNCIA da ALERGIA e da SENSIBILIDADE a alimentos ou nutrientes. A primeira acontece na ocorrência de uma reação adversa, envolvendo a digestão ou metabolismo de determinados alimentos, sem envolver o sistema imunológico. Já a alergia é a resposta do sistema imunológico a algum componente do alimento, e a sensibilidade é uma resposta anormal do organismo, provocando reação semelhante à da alergia.
Muitas dúvidas ainda cercam o assunto que iremos discutir, principalmente sobre seus sintomas e qual o procedimento adequado para a melhora deles.
Para falar sobre esse distúrbio é importante explicar o quê exatamente é a LACTOSE: trata-se do açúcar do leite. Para que esse açúcar consiga ser absorvido é necessária a ação de uma enzima produzida no intestino, chamada LACTASE; A lactase quebra a lactose em dois açucares mais simples, que aí sim conseguem passar as barreiras intestinais e serem absorvidos.
A intolerância pode ser causada por 3 distúrbios basicamente: Um defeito genético muito raro no qual a criança nasce sem produzir lactase. Nesses casos a intolerância aparece desde o nascimento, com reações inclusive ao leite materno. A segunda causa pode ser decorrente de uma diarreia grave, quando temporariamente as células lesionadas do intestino param de produzir a enzima, porém voltam ao normal com a normalização do trato intestinal. E a terceira causa e mais comum é decorrente da diminuição gradativa na produção da lactase. Essa diminuição é natural com o avançar da idade e, hoje, cerca de 25% dos brasileiros apresentam algum grau de intolerância.
Esse grau de intolerância é variável de acordo com a quantidade de lactase que é produzida pelo organismo, dessa forma os sintomas podem variar de uma pequena distensão abdominal até sintomas mais graves como diarreia, vômitos, gases e dor abdominal. Como mencionado, a gravidade dos sintomas pode variar com o grau de deficiência na produção da enzima como também com a quantidade de lactose que foi consumida.
Como a lactose não foi digerida, ela chega ao intestino grosso intacta, onde é fermentada pelas bactérias intestinais, formando gases, ácidos e estimulando a diarreia. Daí os sintomas decorrentes da intolerância. Dessa forma o diagnóstico pode ser feito de diversas formas: medindo a variação de glicose sanguínea após ingestão de uma dosagem de lactose (se a digestão estiver normal a tendência é que a glicose aumente na circulação conforme o açúcar é quebrado e absorvido) ou medindo-se a quantidade de gás expelido na respiração após a ingestão da substância (como as bactérias produzem gás na fermentação, é normal que eles sejam absorvidos e eliminados pelos pulmões).
É importante lembrar que não se deve eliminar de uma vez o leite e seus derivados da alimentação quando se suspeita de intolerância. A eliminação completa fará com que as células intestinais entendam que não precisam mais produzir a lactase, e aí a situação se agrava ainda mais.
Como sabemos, o leite e derivados são a nossa principal fonte de Cálcio, importante mineral para a saúde dos ossos. É por isso que a melhor forma para lidar com a intolerância é usar algumas estratégias para dosar seu grau de tolerância para alguns alimentos lácteos.
Ir retirando aos poucos os itens da dieta é uma boa forma de dosar os sintomas relativos à eles. Normalmente os iogurtes e queijos maturados são mais bem tolerados, pois já sofreram algum grau de fermentação, portanto possuem uma menor quantidade de lactose. Outra saída é consumir pequenas porções por vez, já que a gravidade dos sintomas tem relação com a dosagem de lactose ingerida, como já foi dito. Já para aqueles com um grau maior de intolerância vale lançar mão dos alimentos sem lactose (que usam substitutos do leite na preparação ou adicionam a enzima lactase para que ela já faça a quebra do açúcar antes de ser ingerido). Existem também cápsulas de lactase, que auxiliam a digestão desses alimentos.
Seja como for, é importante cautela para as escolhas dos alimentos, para se aliar a melhora dos sintomas sem colocar em risco o consumo do Cálcio. Para isso é sempre válido procurar um profissional que possa avaliar se o distúrbio se trata realmente da intolerância e qual a melhor forma de proceder em relação aos seus sintomas.

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