26 de janeiro de 2011

Probióticos, fibra alimentar e prebióticos

Escrevi esse texto há alguns anos, quando fiz estágio com o Dr. Mauro Fisberg na Nutrociência. Trata-se de um assunto bastante interessante em relação a saúde de forma geral e como a indústria pode ajudar em alguns aspectos. Espero que gostem!


Alimentos funcionais são aqueles que trazem algum benefício à saúde de quem os consome, além de suas propriedades nutricionais. Dentre os alimentos funcionais que foram e continuam sendo estudados e aprimorados, vamos tratar nesse artigo apenas dos probióticos, fibras e prebióticos.

Probióticos

Nosso trato gastrointestinal, quando nascemos, é estéril. No entanto, a partir desse momento, nossa flora intestinal passa a ser colonizada por bactérias do meio ambiente, conhecida essa colonização comumente como flora bacteriana. Ela depende do meio ambiente, do tipo de alimento que a criança recebe, entre outros fatores. Nosso sistema imune tem uma resposta controlada a essas bactérias, que em quantidades normais podem inclusive ser benéficas para a saúde.

Alguns tipos de bactérias podem ser adicionados em alimentos que consumimos, podendo proporcionar (quando em quantidades adequadas) um maior benefício ao indivíduo. Esses alimentos acrescidos de organismos que podem ajudar o consumidor são conhecidos como alimentos probióticos. Os probióticos têm efeito em casos de diarréia, conseguindo normalizar o trato gastrointestinal; efeito antiinflamatório; controle e normalização de constipação; e efeito contra agentes mutagênicos, auxiliando na prevenção de alguns tipos de câncer e resistência a infecções por patógenos.

Interessadas cada vez mais em desenvolver produtos que sejam mais saudáveis e apresentem propriedades positivas à saúde, as empresas de alimentos têm procurado utilizar probióticos nas formulações de seus produtos.

Os probióticos devem sobreviver em todas as etapas de elaboração e armazenagem do produto, por isso, a escolha do alimento no qual serão adicionados depende do teor de sal, do ph, da umidade, entre outros fatores que podem influenciar sua efetividade.

O efeito dos probióticos não é cumulativo, ou seja, não aumenta com um maior consumo de alimentos probióticos. Desta forma, conseguem normalizar a função intestinal e o risco de ocorrência de diarréia é mínimo.

Fibra Alimentar e Prebióticos

A fibra alimentar também é um carboidrato, mas passa intacta pelo processo de digestão e absorção, sendo excretada nas fezes. Ela está presente nos alimentos de origem vegetal, como os cereais integrais, as frutas, as verduras e os legumes.

Infelizmente o consumo dos alimentos fontes de fibras tem diminuído cada vez mais pela população em geral, em resposta à maior busca por alimentos prontos para consumo, que facilitam na correria das atribulações diárias e geralmente são elaborados com carboidratos simples.

São normalmente divididas em fibras solúveis e fibras insolúveis. No nosso estômago, as fibras solúveis formam géis quando em contato com a água, tornam os alimentos mais viscosos e levam a uma menor absorção dos lipídeos, podendo auxiliar na diminuição do colesterol e triglicérides. Já as fibras insolúveis passam intactas por todo o processo digestivo, aumentam o bolo fecal e a motilidade intestinal, sendo muito úteis nos casos de constipação; aumentam a biodisponibilidade de certas vitaminas e minerais, como o cálcio; e têm um possível efeito hipocolesterolêmico e anticarcinogênico.

As fibras podem ser extraídas dos vegetais, por exemplo, a inulina e os frutooligossacarídeos, e acrescidas em outros alimentos, com a finalidade de também melhorar a função intestinal. No entanto, as fibras têm ação diferente dos alimentos probióticos, já que são constituídas por diferentes estruturas, com propriedades diversas, as quais geralmente não são digeridas e nem absorvidas, mas são fermentadas por algumas das bactérias benéficas presentes na flora intestinal, propiciando sua proliferação.

Como efeitos adversos do consumo exagerado de fibras, podem acontecer flatulências, diarréia e estufamento. Estes efeitos indesejados também podem ocorrer, quando o consumo de fibras não é acompanhado por uma adequada ingestão diária de água e líquidos, como chás e sucos de frutas naturais (de 8 a 10 copos por dia).

Os alimentos adicionados por essas estruturas específicas das fibras são chamados de prebióticos. O grande desenvolvimento nas técnicas de utilização das fibras alimentares tem descoberto muitas formas de uso. A inulina, por exemplo, tem sido explorada como substituto de gordura em sorvetes, oferecendo os benefícios intestinais e na saúde, além de retirar o alto teor de gordura dos alimentos. Já os frutooligossacarídeos podem ser empregados em vários tipos de alimentos, por não influenciarem no sabor e agregam as fibras, auxiliando na flora intestinal.

Os efeitos dos alimentos probióticos e prebióticos podem ser potencializados se os microorganismos de um forem aliados aos ingredientes do outro em um mesmo alimento. Esse alimento é então chamado de simbiótico.

Para se atingir o efeito esperado desses alimentos é necessário que sejam consumidos diariamente. Deve-se ficar atento ainda para o fato de que um alimento só pode ser atribuído como probiótico, prebiótico, ou simbiótico se os seus benefícios para a saúde humana forem comprovados cientificamente.

Apesar de comprovados os benefícios desses alimentos, é muito importante ressaltar que além do seu consumo, deve-se procurar sempre consumir também os alimentos in natura, como as frutas, verduras, legumes e cereais integrais, por serem muito ricos em diversos tipos de vitaminas e minerais.