Nas últimas semanas vimos em vários meios de comunicação o embate entre a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e as Sociedades médicas, a respeito da proibição na comercialização dos medicamentos para perda de peso no Brasil.
Foi por isso que achei interessante postar meu ponto de vista como nutricionista. Não entrando na questão científica (se os benefícios desses medicamentos superam ou não os riscos a eles associados) acredito que há um uso indiscriminado por alguns profissionais, sendo receitados muitas vezes a qualquer indivíduo, sem avaliação de suas reais necessidades ou potenciais contra-indicações e complicações com seu uso.
Infelizmente a maioria usa (sem perceber) o medicamento como “muleta”; Com o efeito medicamentoso de literalmente tirar a fome, ou parte dela, aproveitam para comer o menos possível e atingir mais rapidamente a sonhada perda de peso. Tudo isso sem fazer uma reeducação alimentar apropriada. É por isso que o ganho de peso muitas vezes é assustadoramente rápido quando o uso do medicamento é interrompido ou finalizado. Aí temos 2 problemas: O famoso efeito sanfona ou a dependência do uso dos tais medicamentos.
A restrição alimentar pode muitas vezes ser feita sem orientação, omitindo do cardápio nutrientes que são essenciais para manter a saúde. Outro problema dessa restrição alimentar brusca para perder peso rápido é que há uma variação grande na ingestão calórica, passando a se comer muito abaixo das necessidades. Sabemos que é necessário comer menos calorias do que se gasta para perder peso, mas nosso corpo não é bobo, e essa mudança brusca e com valor muito abaixo faz com que nosso corpo diminua o ritmo do gasto calórico, poupando suas reservas. Resumindo: Força-se o corpo a baixar o gasto, mas quando o medicamento é interrompido não se consegue manter o baixo consumo, portanto aquilo que seria suficiente para manter o peso antes, agora faz com que o ganho seja ainda mais rápido e o ponteiro vai as alturas.
Ficou confuso? Vou explicar de forma mais prática: uma pessoa precisa de 2000kcal diariamente para viver. Ela vem comendo mais que isso e ganhando peso. Inicia o uso de um medicamento para perder peso e reduz seu consumo a cerca de 1000Kcal/dia; Seu corpo baixa o gasto para 1800kcal para se proteger; Quando o medicamento acaba ela volta a comer 2000kcal (menos que antes e seria suficiente para manter o peso) e ganha mais peso do que perdeu, afinal a nova alimentação está acima do atual gasto.
Os medicamentos podem até ter sua importância em alguns casos, e isso é a ANVISA e médicos quem decidirão; O que estou querendo mostrar é que, se continuarem no mercado, devem ser usados com muita cautela e nunca dispensarão a mudança permanente de hábitos de vida, ou seja, reeducação alimentar e atividade física regular.
Abraço,
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