O chá surgiu aproximadamente em 2700 a.C. na China. Segundo a lenda foi devido a um imperador que tomava apenas água destilada. Em um dia que seus súditos estavam fervendo sua água, as folhas de uma árvore próxima caíram dentro do caldeirão, dando origem ao chá.
Lenda ou não, vemos nos dias de hoje um crescente consumo dessa bebida em todo o mundo. Existe uma maior preocupação da população em consumir alimentos mais saudáveis e que tragam benefícios à saúde. Entre eles está o chá verde, o qual está na “moda” e caiu no gosto popular devido aos possíveis benefícios que ele pode trazer. Mas será que ele é realmente tão bom assim? É isso que vamos descobrir nesse artigo.
O aumento no consumo de chás no mundo todo se deve, entre outras coisas, ao seu possível efeito protetor em cânceres e doenças crônicas. A dieta oriental, muito diferente da ocidental, já há muito tempo é constituída por um maior consumo de peixes, alimentos a base de soja e de chá verde. O consumo de chá sempre foi incentivado nessa cultura para a melhora de diversas dores, como energizante e para a digestão. Atribui-se às diferenças nessa dieta a maior expectativa de vida da população oridental e a menor incidência de doenças cardiovasculares e de câncer.
O chá verde é feito com a erva Camellia sinensis, a mesma erva que é feito o chá preto, havendo diferenças entre eles inicialmente na forma como a folha é processada após a colheita. O chá preto sofre um processo de fermentação, o que o torna diferente em sua constituição. Os principais componentes que podem possuir efeitos benéficos no chá verde são a catequina e seus derivados. As catequinas são flavonóides conhecidos por seu poder antioxidante, e, como mostraram alguns estudos, são capazes de proteger as células do estresse oxidativo (que é o envelhecimento celular).
As catequinas podem ser encontradas em diferentes concentrações dependendo da qualidade da planta, do solo onde é plantada, do clima, da forma de cultivo e até do modo de infusão. Por exemplo, o chá verde em saquinhos ou na forma pronta para o consumo possui um menor teor de catequinas que o chá que é preparado com as próprias folhas e consumido logo em seguida. No entanto seus benefícios não dependem apenas das quantidades ingeridas, mas também de sua biodisponibilidade. Um estudo mostrou que não há modificação na biodisponibilidade e na ação antioxidante dos chás prontos para o consumo.
A biodisponibilidade das catequinas é relativamente pequena, provavelmente devido à sua rápida metabolização, não se encontrando níveis muito altos no plasma após algum tempo da ingestão. As catequinas são rapidamente absorvidas pelo intestino e metabolizadas por enzimas hepáticas, as quais ativam suas propriedades.
O chá verde, nutricionalmente, pode contribuir complementando as necessidades diárias do consumo de água e, se não for adicionado açúcar, contém quantidades insignificantes de calorias. Além disso o chá verde possui uma pequena quantidade de cafeína, que pode ajudar na disposição e bom funcionamento da memória e ainda contém várias vitaminas e minerais importantes ao organismo e que podem aumentar ainda mais seu poder antioxidante.
Um estudo mostrou que o chá verde possui ainda um composto mineral chamado fluoreto, que está presente principalmente nos dentes e que pode ajudar na prevenção de cáries.
Estudos mostraram que, após consumo de quantidades moderadas de chá verde por alguns dias, houve um aumento significativo de antioxidantes no plasma dos indivíduos, diminuindo a quantidade de radicais livres. O chá verde ainda parece ter efeito sobre a atividade insulínica, prevenindo contra a resistência à insulina e conseqüentemente contra o diabetes tipo 2. O efeito antiinflamatório é outro benefício dessa bebida.
Muitos estudos mostram que este chá pode exercer também um papel protetor contra certos tipos de câncer, diminuindo a proliferação das células cancerígenas e aumentando a apoptose (morte) da célula, protegendo e tendo uma ação terapêutica contra o câncer. Há também a relação entre o consumo de chá verde e a diminuição do risco para doença cardiovascular. Isso porque ele parece diminuir a oxidação do LDL-colesterol e aumentar os níveis de HDL-colesterol.
Muitas já são as evidências de que o chá verde realmente pode ser bom para a saúde, no entanto deve se aprofundar mais esses estudos e outros devem ser feitos para se atualizar constantemente e se assegurar sobre esses benefícios. Devemos lembrar ainda que o chá pode substituir bebidas que sejam muito ricas em cafeína, como o café e o refrigerante. No entanto não se deve usá-lo para substituir a água (a qual não deve ser substituída por nenhuma outra bebida), já que a água é essencial para nossa saúde em sua forma mais pura.
Referências Bibliográficas:
- Faria F, Santos RS, Vianna LM. Consumo de Camellia sinensis em população de origem oriental e incidência de doenças crônicas. Revista de Nutrição, Campinas, 2006; 19(2): 275-279.
- Reto M, Figueira ME, Filipe HM, Almeida CMM. Teor de fluoretos em infusões de chá verde. Quim. Nova, 2008; 31(2): 317-320.
- Schmitz W, Saito AY, Estevão D, Saridakis HO. O chá verde e suas ações como quimioprotetor. Semina: Ciências biológicas e da saúde, 2005; 26(2): 119-130.
- Khan N, Afaq F, Saleem M, Ahmad N, Mukhtar H. Targeting multiple signaling pathways by green tea polyphenol – Epigallocatechin-3-gallate. Cancer Res., 2006; 66(5): 2500-2505.
- Cabrera C, Artacho R, Giménez R. Beneficial effects of green tea – a review. Journal of the
- A história do chá. Disponível no site: www.amigosdocha.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário